Tuesday, April 29, 2008

Persona


Na ultima aula de arteterapia falamos sobre persona.Persona é a máscara que vestimos nos diferentes ambientes sociais que frequentamos.A persona do ambiente familiar,do trabalho,da academia,e por ai vai..são inúmeras..
Aquilo que determinado grupo espera de nós e que acabamos nos ajustando para pertencer a ele.
O quanto de nosso eu verdadeiro acabamos sufocando em determinada persona?

Na minha infância eu usava a persona de menina comportada,séria,obediente,sempre prestes a servir,colocando sempre o outro em primeiro lugar.Algo dentro de mim berrava,embora isso fosse inconsciente..algo me oprimia de tal forma e eu não sabia o porquê.Talvez meu verdadeiro eu ,reconhecendo-o mais rebelde hoje,estivesse lá, tentando brotar de alguma forma.
No inicio da adolescência,eu ia em discotecas e micaretas e o que se esperava de mim era que eu ficasse com vários meninos -aquela competição invisível que rola entre as amigas - embora eu sentisse diversas vezes que nem era meu maior barato.
Já na faculdade de medicina,o que sinto quando coloco o jaleco, e passo a ser considerada médica,é a obrigatoriedade de saber tudo,de responder a todas as perguntas e mesmo saber perguntá-las,de tomar as atitudes certas mesmo não me sentindo tão preparada pra isso.
Outra persona que se apodera sobre mim hoje é a persona zen..aquela que deve se manter calma e inabalável,aquela que está sempre tranquila e pronta a ouvir os conflitos alheios.. mesmo quando meu mais intimo esta atribulado e mal paro para ouvi-lo.

E assim,vamos transitando entre uma persona e outra..descobrindo com o tempo, o que de cada persona nos serve e o que dela podemos descartar.Hoje sinto um afrouxamento maior,um esvaziamento..e uma necessidade cada vez maior de preservar minha essência,de me manter cada vez mais próxima de mim mesma..quando acontece ao contrário,sinto logo um sufoco e minha alma se remexendo,se corroendo..e logo preciso correr pra atendê-la.
É necessário sim usarmos estes padrões de comportamento..mas é essencial que preservemos um momento de sermos nós mesmos e buscarmos no íntimo o que é este "eu mesmo"com todas suas fragilidades.Caso contrário,este ser aprisionado poderá aparecer num rompante de fúria..aqueles momentos em que nos perguntamos: O que foi que aconteceu?O que foi que eu disse?Que ser foi este que se apoderou de mim? E acredito que seja desta forma que acontecem tantos crimes,tanta coisa absurda que ouvimos por ai.De alguma forma,tanta energia retida precisa se liberar..seja através da agressão ou da loucura.

O meu conselho é o mesmo de Sócrates:"Homem,conhece-te a ti mesmo" e meu outro conselho é que nos "despersonalizemos"quando estivermos sozinhos,com o companheiro,com amigos intimos... e que nos permitamos usar dessas máscaras prezervando o que há de mais essencial em nós.

Saturday, April 26, 2008

Eu que não sei quase nada do mar..

Noite retrasada sonhei que seguia uma trilha e que durante este percurso,o caminho era inundado por água.Um mar que invadia a encosta e me molhava inteira,me dificultava seguir em frente.Este sonho se repete há muito tempo..já o tive por diversas vezes.É como se este mar inundasse todo caminho seco e me impedisse a passagem..sinto medo do desconhecido do mar,sinto medo de me afogar,sinto dificuldade de chegar ao meu destino..assim como sentimos quando estamos dentro da água e precisamos andar ou correr.
Acredito que todo sonho que temos reflete nosso estado psiquico e ao mesmo tempo simboliza o momento que estamos vivendo.Analizando melhor o sonho,percebo do quanto meu estado emocional influencia minha capacidade de seguir adiante.É como se qualquer variação da minha estabilidade,me impedisse de seguir em frente,me fizesse perder o foco nos meus objetivos.É como se eu tivesse que parar pra refletir,digerir tudo que está acontecendo à minha volta e deixasse de viver a vida real.Adio meus compromissos,estipulo prazos que não cumpro,me estagno.E isso se repete.Preciso permanecer firme em terra,ou serei sempre um marujo naufragando sem alcançar terra a vista.
Mas no final do sonho,eu olhava para a trilha e a maré havia baixado.Já me sentia mais seca e podia ver o que tinha do outro lado.Talvez agora ele não se repita mais.